quarta-feira, 14 de julho de 2010

Conferência do Secretário Geral da NATO, 2 de Julho, Univ. Católica Lisboa

O Secretário-Geral começou a sua conferência recordando a II Guerra Mundial – a batalha das Ardenas, um dos momentos fulcrais da vitória aliada na Europa – para ilustrar o passado comum que unia ambas as margens do Oceano Atlântico. A necessidade de intervenção dos Estados Unidos no conflito que dividiu os europeus foi a prova, de acordo com Rasmussen, de que os europeus não conseguiam ultrapassar os seus problemas sozinhos. A NATO, a Aliança transatlântica criada na sequência da II Guerra Mundial para lutar contra o inimigo comum, a União Soviética, foi uma das principais lições do conflito mundial – a outra grande lição foi a necessidade de criar uma Europa integrada, unida, de modo a evitar que surgisse mais um conflito intra-europeu. Afinal, a instabilidade e insegurança de um lado do atlântico iriam sempre trespassar para o outro lado. Nesse sentido, com a segurança possibilitada pela Aliança Atlântica, o processo de integração europeia pode desenvolver-se. De tal modo os dois movimentos de integração foram bem-sucedidos, que no final da Guerra Fria, os países da Europa de Leste decidiram livremente fazer parte de ambas as instituições – União Europeia e NATO.

Esta reflexão histórica teve como propósito introduzir o momento actual e a seriedade do que está a ser vivido pela Aliança – “recalling the lessons from the past” foi o principal mote da conferência do dinamarquês. O momento actual foi comparado por Rasmussen como o momento da criação da NATO. Actualmente, também é necessário encontrar novos instrumentos para fazer face a novos desafios. E quais são os desafios de hoje em dia? Para o Secretário-geral da NATO, o momento actual é caracterizado pela insegurança globalizada (globalized insecurity), marcado profundamente pelo 11 de Setembro e todas as consequências daí advindas.

De modo a que a Aliança consiga sobreviver, é necessário que se adapte e crie novas cooperações e parcerias. Actualmente, a principal preocupação é a situação no Afeganistão. Sendo uma das “missões mais exigentes de sempre” da Aliança, o Secretário-geral da NATO assegurou que a ISAF iria ficar no território o tempo que fosse necessário para garantir que iria ser bem sucedida. Mas para a protecção eficaz dos 900 milhões de habitantes dos Estados-membros da NATO é necessário “ver para além do Afeganistão”, e adaptar a aliança quer militarmente, quer politicamente. Ao nível militar, implica a preparação das suas forças para a mobilização de forças para zonas mais distantes e com permanência durante mais tempo. Ao nível político, trata-se de alargar as redes de cooperação da Aliança contra as ameaças transnacionais. Assegurar a cooperação da NATO com o Paquistão, com a China e a Índia, enquanto grandes potências regionais, mas também a definição de novas parcerias com outras instituições, como as Nações Unidas, a UE, entre outras, permitirão um melhor combate a estas ameaças.

Relativamente ao novo conceito estratégico, o Secretário-geral enunciou três aspectos que este terá de cumprir: a NATO como um actor cooperante (cooperative partner) no mundo; uma aliança modernizada e a difusão da segurança de novas maneiras, em novos lugares.
Em suma, a NATO para 2020 será uma Aliança que não esquece o peso da história e a importância dos valores partilhados pelos founding fathers que estiveram na sua origem, mas que tem de se adaptar às novas ameaças do século XXI.

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